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sexta-feira, fevereiro 17, 2006

O cheiro dos livros, o mundo das palavras e outras conclusões

Perco-me no mundo das palavras com muito gosto.
Gosto de escrever o que não digo com as palavras certas e pensar naquilo em que não penso por falta de tempo...
O acto de escrever satisfaz algo do meu lado criativo e isso basta. Não escrevo para os outros, se bem que o próprio facto implica a extrapolação pública dos "meandros" (e que labirintos, por vezes, Meu Deus!!!) do meu pensamento.
Eu quero lá saber da crítica pró-minimalista da escrita! Eu gosto de arte, decoração, arquitectura, paisagens, "olhares" de traços simples ou toques sóbrios. Mas, a escrita?! A escrita não. Prefiro palavras "tortuosas", formando um caminho entendível em vez da "simplicidade" para esconder o que não é decifrável.

A leitura pessoal que cada um leva a cabo, por exemplo, pode ser um dos pilares de sustento da formas de enfrentar o tempo, de respeitar valores, de expressão intelectual e corporal, de adivinhar sentidos... que cada um seguirá sem se dar conta.
A mente humana não tem fim e também não o tem, a intenção de partilhar de um escritor, quando publica "o" livro que andará de mão em mão, de estante em estante e de mente em mente ad eternum.

Ao cheirar um livro (principalmente os de narrativa histórica) recuo no tempo, descubro lugares e imagino a minha vida dentro da época. Apesar de ser alérgica ao ácaro do pó doméstico, que impede que cheire todos os livros desejados sem uma famigerada crise de rinite, não resisto muitas vezes a essa tentação. Um zyrtec resolve o problema em quinze minutos. Com os novos não há crise, aliás emociono-me se penso no cheiro de um livro acabadinho de chegar da Fnac (os da Bertrand também são cheirosos). Não há descrição possível. É como algo que se sente e não se escreve.

Perco-me no mundo das palavras com muito gosto, pois também elas, frequentemente, prendem os meus pés à terra, ordenam a minha lógica, quebram ansiedades e preenchem o meu tempo de uma forma apaixonante.
Dormir, sei que é "útil", em certos casos, como um ansiolítico sem efeitos secundários indesejados. Tem, no entanto, a inconveniência de impedir a condução de veículos ou máquinas pesadas. Tem uma implicação enorme...sonhar. Já não me lembro de não sonhar. Estou esgotada com esta minha turbulenta vida nocturna do subconsciente. Mas, mesmo assim, acredito que esta actividade mental não premeditada terá um fundamento. São horas paradas em agitação constante. Converso com os personagens dos meus sonhos e comigo própria e acho que me vou conhecendo melhor.

Perco-me no mundo das palavras, dos sonhos e gosto. Menos daqueles que me deixam num estado tal e qual tivesse tomado um double coffee Segafredo, com um red bull à mistura.
Como se o mundo se fosse esgotar já logo à tarde.