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terça-feira, setembro 05, 2006

Fragmentos









Hoje, as horas passam ainda mais devagar. Não sei o que inventar para adiantar o relógio.
Segunda-feira e sexta-feira tornam-se dias completamente reconhecíveis a olho nu. Sinto que escrevo com a cabeça cheia e com as mãos vazias de disponibilidade para o que se move e o que se ouve aqui mesmo ao lado.












Atiro-me destino abaixo, ando aos tropeções nos desencontros e acabo por me ancorar a ti. Sou de lua prateada e a noite não me assusta. Os meus sentidos são desatinados por um tique-taque vespertino, mas já entendo que é temporário pois daqui a alguns dias vou ouvi-lo contigo. Temporariamente só.
Um suspiro entorpecido e encravado na minha garganta, como a nevrite nas minhas costas. O meu lugar…existe algum lugar…digo antes…que lugar mereço…ideias que se formam e invadem o tempo dos incêndios. Qual Virgínia Woolf, muito longe das suas pedras nos bolsos, mas perto do seu profundo sentido das palavras (e aquele que tende para a boa fortuna).
Se escrever é forma de espelhar a minha forma de vida, hei-de espelhá-la até ao limite do permitido pela minha catarse interior.
São horas de me pirar daqui. Só o simples pormenor do bafo quente lá fora me alegra. E como eu odeio temperaturas extremas!Voltando a ti. Só tu. E que o arrepio incerto não passe da minha imaginação. Brevemente, ouvirei o som do despertador ao teu lado. E só isso…basta.














Como o tempo martiriza as minhas poucas mas manifestas migalhas de paciência! São loucos e ninguém os avisa!
O erro poderá até ser meu, pois afinal a liberdade oferece-nos o risco de escolhermos mal. Escolhem-se amores, livros, divertimentos e empregos (seja lá o que signifique para cada um de nós). No meu caso, o defeito está no último. Por vezes, de nada nos serve a bússola.

Apesar de tudo, prefiro a liberdade. Aquela que custou alma e coração aos nossos pais.
Mas…só por hoje…arranjem-me um quarto escuro por favor.











Sonho muitas vezes que não existes. E, nesses momentos, não consigo compreender aquele vazio no estômago ou porque raio tento marcar um número com dígitos que trocam indecentemente a ordem na minha cabeça.
Privo-me do sono para enveredar por uma história que me possui. A realidade deixa de me pertencer e a única coisa que me liga à terra é ouvir, ao longe, o vento no toldo do meu terraço. Nesses minutos ou segundos, julgo que o objectivo do jogo é contentar-me com o despertar.
Enfim, o aparecimento constante de ideias desgasta-me. Mas, mais desgastante é quando me fico por aí…Pelo menos existes, pelo menos aqui os medos dos sonhos são derrubados.