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segunda-feira, novembro 06, 2006

Bartleby














Fenómeno Bartleby. Como qualquer outro, deverá ser entendido intimamente e por cada um de nós.
Os tempos áureos jamais se repetem. Acontecem uma única vez sob o mesmo desígnio. Seja a arte, a literatura, a filosofia ou o pensamento.
Bartleby. Pulsão negativa ou atracção pelo nada. Faz com que certos criadores, embora com consciência literária/artística muito exigente nunca cheguem a escrever/criar. Paralisia encantatória. Todos conhecemos os bartlebys, esses seres nos quais habita uma profunda negação do mundo (Henrique Vila-Matas, heterónimo de António Tabucchi, in Magazine Artes). A inércia eterna após obra consagrada (pelo menos, pelos olhos exigentes que avaliam).
Na minha peculiar forma de análise, considero que mais do que um fenómeno explicado intensivamente por mentes mais cuidadosas...é um fenómeno nascido do medo, defendendo-o acerrimamente...eufemismo para o Desconhecido que o Nada sustenta.
O bloqueio é causa-efeito natural para a fuga do mundo que nos acolheu por instantes... e que nos reconheceu...para sempre.
Tememos a não-consideração, a não-inspiração, a não-admiração, a crítica e a autocomiseração. Tememos o eco à posteriori. O Nada.
Fenómeno Bartleby. Apologia ao Nada.
A virtuosidade é o antídoto perfeito para o Vazio que se nos espreita indisciplinadamente quando menos desejamos.
Porque, a virtuosidade não é controlável a bel-prazer, nem pela nossa convicta vontade.
Porque, a virtuosidade salva o que de nós se acha perdido. E isso, por si, apaga o marasmo das almas e eleva-nos ao patamar dos reconhecimentos.

A minha necessidade de virtuosidade é como a resistência de uma fortaleza cátara do Languedoc. Intransponível. E determina a diferença entre a teimosia e a persistência.