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segunda-feira, outubro 16, 2006

Modigliani



















Modigliani, o pintor, a par de outros artistas emblemáticos do início do século passado, reflecte a consciência e o pensamento de uma classe que não se orienta nem por condutas convencionais nem por dogmas cristalizados no espaço e no tempo. Talvez por isso, a produção artística e literária tenha sido tão brilhante e abundante.
O pós-Grande-Guerra excede-se em tertúlias um pouco por toda a Europa, mas é em Paris que se refugiam os maiores símbolos da época, como Picasso, Matisse, Rivera e Sautine…mais uma vez, a cidade-luz cintila.
Modigliani, na tela protagonizado por Andy-Garcia-No-Seu-Melhor, vive pelos sentimentos maiores e pela beleza das coisas que pinta para homenagear (e que são, também, seu único sustento).
Tropeça no amor por uma parisiense de boa família (renitente, como é obvio, a essa irreflectida relação), da qual, reciprocamente, recolhe dedicação extrema em vida (e na morte). [Não é peremptório, mas (por tendência) as histórias tristes resultam mais facilmente em histórias mais belas.]
Durante o filme, o movimento ubíquo do pincel acompanha os contornos dos quotidianos das metamorfoses urbanas, da esperança das gerações vanguardistas, da moda, dos movimentos culturais, das aspirações e inspirações políticas, dos cafés esfumaçados de ideias, dos espectáculos improvisados na rua, dos amores poéticos e platónicos, do dom da palavra e do desejo de viver tudo de uma só vez.
É nesta trajectória de acontecimentos que Modigliani e Picasso, os homens, constroem um binómio confronto-sintonia assente, sobretudo, em respeito mútuo. Elogio as marcas indeléveis, as consequências definitivas, a riqueza e a humanidade em estado puro, que, tal como estes, muitos concertaram um dia. E, afortunados os que entendem que a discussão das pinceladas dos dias que correm ainda é válida…e urgente.