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sexta-feira, outubro 06, 2006

O Lugar dos Anjos


Seria o final da tarde…talvez.
Ela levava na mão quatro peças de mar muito brancas e a pele salgada dos banhos do dia. Ele fotografava o momento a sépia e deixava um trilho de passos descansados atrás de si. Caminhavam na areia cetim e adivinhavam o pulsar subtil da vida subtérrea.
Chovera intensamente na noite anterior e a construção de madeira do quarto parecia dar de si com a quase-intempérie. Mas, por vezes, o perigo torna-se bem mais fraco do que o deslumbramento.
Pouco tempo antes, o cenário apresentara-se dramático, porque o mar tem também os seus lamentos. E, por vezes, esses tremores transformam-se em tragédias sentidas em terra, que não olham a vidas nem pertences.
Mesmo assim…os paraísos permanecem intocáveis pois é essa magnitude que os define. E, durante alguns dias, presenciaram os impulsos de um deles.
Entenderam que a diferença em relação à luxúria é que esta corrompe, à medida que é sustentada por obras meramente humanas e sofismáveis. Um lugar de anjos e bem-aventurados como aquele exalta, pelo contrário, as qualidades e virtudes inauditas.
Prometeram-se novamente um ao outro num princípio de vida e fundamento.
Prestaram-se às estrelas e aos peixes-voadores.
E, por instantes, o destino coube-lhes na mão.