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domingo, março 26, 2006

Insustentável Leveza da Escuridão e do Amor


À noite toquei-te e senti-te
sem que minha mão fugisse para lá da tua mão,
sem que meu corpo fugisse, ou meus ouvidos:
de um modo quase humano
senti-te.

A pulsar,
não sei se como sangue ou como nuvem errante,
em minha casa, na ponta dos pés,
escuridão que sobe,
escuridão que desce, cintilante, corrente.

Correste por minha casa de madeira,
e abriste as janelas,
e senti pulsar a noite toda,
filha dos abismos, silenciosa,
guerreira tão terrível e tão bela que tudo quanto existe,
sem tua chama, não existiria para mim.

Por Gonzalo Rojas (Chile)