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domingo, março 26, 2006

Insustentável Leveza da Escuridão e do Amor


À noite toquei-te e senti-te
sem que minha mão fugisse para lá da tua mão,
sem que meu corpo fugisse, ou meus ouvidos:
de um modo quase humano
senti-te.

A pulsar,
não sei se como sangue ou como nuvem errante,
em minha casa, na ponta dos pés,
escuridão que sobe,
escuridão que desce, cintilante, corrente.

Correste por minha casa de madeira,
e abriste as janelas,
e senti pulsar a noite toda,
filha dos abismos, silenciosa,
guerreira tão terrível e tão bela que tudo quanto existe,
sem tua chama, não existiria para mim.

Por Gonzalo Rojas (Chile)

Sobre a Poesia e Sobre o Amor


Doçura luminosa de um olhar. Ameno brincar de almas verticais em pleno.
Sol de alvorada que descerra as pálpebras.

De Ruy Cinatti (1915-1986)

sexta-feira, março 24, 2006

A fúria

A fúria. Não a do Salman Rushdie. Não é necessariamente má.
A que se cruza comigo todos os dias nas ruas da cidade e me grita aos ouvidos em timbres confusos. Aquela que teimo em ignorar e à qual não fujo. Prefiro pensar que é o frio do temporal que me enregela a face. Mas não. É a fúria. A fúria da cidade que é a corda do relógio que a move.
Não é necessariamente má...mas, às vezes, assusta-me.

terça-feira, março 21, 2006

Invicta Profunda III


Invicta Profunda II




sexta-feira, março 17, 2006

Invicta Profunda I

Antes de uma ponte de ferro, existia uma ponte de barcas...




Sono Azul

Seriam umas 4h da madrugada (mas o passarinho não cantou!) e faltariam cerca de 3h para o despertador tocar (ainda não tinha inventado a táctica de acordar 2h mais cedo para dormir outras 2, antes da verdadeira, em que me faria à vida - ou ela a mim!).
Não fosse o facto de ter um importantíssimo teste de inglês do 11º ano às 8h20, não me preocuparia em ser, nesse dia, a protagonista dos Jardins Proibidos (quem não se lembra?!) - sem ofensas, porque acho que a jovem da tv, na actualidade, consegue ter expressões faciais mais acentuadas.

Ou seja, estar mais ou menos atenta, escrever mais ou menos, bocejar mais ou muito mais...não seria grave naquela manhã.

Decidi - e que decisão racional - assaltar a farmácia sonífera lá de casa, em busca da ametista perdida. Sim, porque o comprimido que eu queria era azul! Mas o que eu encontrei e tomei por engano, que era outro menos suave, também era azul!!! E além disso, Dormonoct e Dormicum são nomes muito parecidos, não brinquem comigo! Agora, se o segundo é utilizado como pré-anestésico cirúrgico em pacientes já deitados...isso...é outra história. Bem, se é verdade, então aquele não funcionou segundo o folheto informativo.

O que é certo é que acordei fresca - que nem o sincelo da Beira-Alta - e pronta para o meu exame, começado e terminado a horas.

A meio da manhã e no café do costume, debrucei-me sobre o chão para levantar um papel caído. E continuei lá!
Valha-me a prima que me levou para um táxi em braços e, já em casa, provoquei aquela preocupação de quem deixa cair a cabecinha para o lado e que fez com que a minha mãe ligasse à tia neurologista pois a miúda parecia ter qualquer problema do tipo.
Balbuciei algo sobre um comprimido para dormir e a minha mãe respirou de alívio.

O que eu queria era dormir, senhores!

E dormi...muito. 30 horas seguidas, com efeito amnésico e tudo, não me lembro muito bem...
Que inconsciência, eu sei que poderia ter sido bem pior do que bater com a testa no azulejo da pastelaria.
Mas não vou concluir com lição de moral ou conselho sensato, porque nunca um teste de inglês me tinha corrido tão bem!
That's a fact...

terça-feira, março 07, 2006

Procedimento em caso de Dúvida







Porque o que é fundamental é calma, estupidez natural e elegância no andar...

sábado, março 04, 2006

Asas de Desejo

A sociedade não é livre coisa nenhuma! E as pessoas que a preenchem, muito menos!
Porque, se assim fosse, além de livre naquilo que desejo, teria as asas para o concretizar.
Sou livre para pensar, não discordo, mas haverá tempo ?! E de que me serve desejar - se possível em simultâneo - momentos, sensações, luzes, sabores, visões, sons e lugares se não me restam mais do 3 ou 4 horas após o quotidiano profissional (se possível bem disfrutado)? Valha-me a Senhora do Lago, que até gosto muito do que faço e...mesmo assim, evidentemente que não me basta!

Pois, existe luz ao fundo do túnel e nem é ao fundo do túnel, é já ao virar da esquina. O segredo estará, segundo vários especialistas, em dar asas a essas escassas horas, transformando-as e retirando-lhes o peso da ampulheta (mecanismo que agora não interessa nada, o que vale é arriscar a deixa e esperar que a metáfora funcione).

Admito que o cansaço me condicione alguns pontos de vista mais sensatos, nomeadamente, aqueles que defendem os bandos (mais suave!) ou os rebanhos (mais Brokeback Mountain) em que nos tornamos para facilitar e dinamizar a vida em sociedade.

Mas, hoje sinto uma náusea. Tenho vontade de ser o tsunami (sempre quis usar o termo, sem malícia, desculpem-me) no meio de tantas mentes adormecidas.
E o tsunami leva-me a um destino já visitado: o mar. Por isso, esplanada na praia luminosa com aqueles cogumelos a gás (não são alucinogéneos, não) é hipótese a ponderar.
Nem que fosse só pela sensação de ver a cidade no marasmo da tarde. Nem que fosse para escrever palavras como as seguintes, por exemplo, que me saem dos dedos sem pedir licença: Estou farta do frio e da electricidade estática que - literalmente - me põe os cabelos em pé. Também não quero chuva em exagero que pode provocar caruncho na alma...